Neste natal de 2011*,penso nos 32 que são 40 milhões de brasileiros com fome,nas crianças abandonadas pelos pais e no proletariado produtor de riquezas,que vive na miséria.
Penso no natal de meio milhão dos portadores do mal de Hansen em todo o Brasil,enfermidade conhecida como lepra há séculos,com grande incidência sobre a pobreza,a maioria deles discriminados pelos familiares(embora,de acordo com especialistas,só a hanseníase chamada de vichormiana se pega pelo contágio).
Penso nos pedidos das ´´Aldeias S.O.S.``,no dia das mães,inventado e explorado pelos comerciantes para obter mais lucros.No apelo:´´Procura-se um amor de mãe.Se você tem amor para dar e deseja uma realização maternal,venha ser mãe social nas Aldeias S.O.S``.
Penso na propaganda de brinquedos de todas as formas e feitios na televisão,na véspera do natal,para alegrar as crianças cujos pais podem compra-los e na tristeza daquelas outras filhas de pais pobres que nem comer podem enquanto os negociantes de brinquedos e de iguarias ´´engordam`` seus saldos bancários na semana de natal.E penso também no mal psicológico que essa propaganda causa ao seres humanos em geral,seu poder de robotização sobre as crianças de todas as idades com ajuda de velhinhos vestidos de vermelho carregando sacos enormes,exibindo longas barbas brancas(antigamente só andavam de noite a botar presentes nas ou a jogar pelas chaminés),agora fazem ponto de dia mesmo,nas portas das lojas para se fotografados com crianças e ser mais convincentes:objetivo,para mais rapidamente as crianças convencerem seus pais a comprar o que não podem,recorrendo muitas vezes aos crediários.E com um sorriso de hipocrisia religiosa visando muito lucro e boa paga,os bons velhinhos enganam as crianças prestando um grande serviço à ignorância e aos negociantes.
Penso nas mesas fartas dos ricos e nas casas sem mesas dos pobres,no muito que alguns estragam e do alimento que falta todos os dias,inclusive no natal de milhões de famintos moçambicanos,angolanos,pele-e-osso etíopes ,cubanos,da Somália,de Ruanda,dos mais de um bilhão de desnutridos em todo o mundo,e de outros tantos ou mais vivendo a meia-ração escondidos em casebres,debaixo de pontes e viadutos,nos prédios em ruínas,nos barracos dos morros sem nenhum tipo de higiene nem conforto, e todos são seres humanos como nós.
Penso no natal das crianças abandonadas nas ruas pelos pais,nos velhinhos largados nos asilos pelos filhos que não têm paciência para tomar conta deles(e são todas almas boas, tementes á Deus),mesmo quando durante anos foram a razão maior de suas existências .Nas meninas prostituídas pela fome,na gente que se droga para anestesiar a fome e na comida que se estraga aos milhares de toneladas.
Penso no natal dos enfermos que lutam contra a morte,nos contaminados pelas infecções hospitalares que se internaram em busca da cura e saíram dos hospitais direto para os cemitério e vitimadas pela negligência que mata!
Penso no natal dos encarcerados por delitos de opinião,dos prisioneiros de guerra,em todos os presos(que a sociedade não quer regenerar para dar serviço à polícia,aos carcereiros,aos advogados,aos magistrados e aos legisladores)e sua famílias,mal vistas ,marginalizadas pelo Estado cujos governantes só pensam em manter-se no poder e festejar todos os dias´´santos``inclusive os natalinos...
...Neste natal de 2011*penso numa Educação Nova para Edificar uma Sociedade Nova onde todos os seres humanos,independente da idade,da cor,do sexo,do país de origem,dos diplomas e/ou troféus,tenham os mesmos direitos,os mesmos deveres,as mesmas possibilidades,e juntos,em Paz,ligados emocionalmente pelo Coração e Pelo Cérebro,livres(física e psiquicamente),vivam humildemente em igualdade como irmãos que somos,ou será que não somos?
Edgar Rodrigues(A Vanguarda,Arcos de Valdevez/Portugal,15/12/1994)
(texto tirado do livro Rebeldias 3/Editora Opusculo Libertário)
P.s:*O certo mesmo da data do artigo é 1994.